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14/02/2019

Grupo de Trabalho - Enrocamento da Boca da Barra

      A Praia do Tombo ou Boca da Barra é o nome dado ao ponto do Praião onde ocorre o encontro entre as águas do rio Itanhaém e do mar o Oceano Atlântico. Além das fortes correntes e variação da cor da água do mar, este fenômeno também tem um grande impacto sobre o relevo, devido aos diferentes níveis de erosão provocados pela água do rio na areia.

Devido aos acidentes ocorridos em 2018 com embarcações de pesca e turísticas, onde tivemos alguns naufrágios seguidos de morte de turistas e pescadores; as dificuldades de ultrapassar as ondas na interligação do mar com o rio estão cada vez mais difíceis e perigosas. A Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Itanhaém formou um grupo de trabalho para discutir as possibilidades de como resolver esse problema tão grava na cidade.

Em janeiro desse ano, o grupo de trabalho procurou o Laboratório Hidráulico da Escola Politécnica da USP. De 1991 a 2003 (doze anos) foi realizado um estudo detalhado pelo Prof.Livre-Docente Paolo Alfredini e sua equipe, o resultado desse estudo foi que a solução definitiva seria o enrocamento da barra. Em comparação com a bacia de Santos que na pior situação o calado é de oito metros chegando até quatorze metros, na boca da barra é uma das mais baixas sendo de meio metro a um metro e meio.

Prof.Livre-Docente Paolo Alfredini, possui graduação em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (1979), título reconhecido em Ingegneria Civile Sezione Idraulica pela Università degli Studi di Padova, Itália; Mestrado em Engenharia Civil Hidráulica pela USP; Doutorado em Engenharia Civil – Obras Hidráulicas pela USP; Livre-Docência em Obras Hidráulicas Fluviais e Marítimas – USP.  Autor de 12 publicações (livros completos e capítulos), 46 artigos em periódicos científicos nacionais e internacionais com seletiva política editorial e 142 orientações em eventos científicos nacionais e internacionais. Orienta mais de 127 alunos da iniciação científica ao pós-doutorado

O laboratório de hidráulica está em uma área de quatro mil metros², foi realizado na época inclusive a simulação do local, onde puderam visualizar a situação real em escala reduzida, simulando as ondas, ventos, maré, leito do rio o fundo do mar, geografia da região, com semelhanças geométricas, cinemáticas e dinâmicas, tudo em escala fiel. Nesse estudo chegaram à conclusão de que se fazer somente o desassoreamento apenas com uma dragagem, não resolveria o problema. A proposta é efetuar uma obra física, estática e definitiva, que seria o enrocamento da barra com molhes de pedra, formando um canal para que o desassoreamento fosse natural. O problema do baixo calado, e a intensidade das ondas na junção com o rio, provoca o naufrágio das embarcações e o risco de morte das pessoas aumenta pela gravidade do problema. Com o enrocamento teríamos uma zona calma, os molhes avançariam cerca de oitocentos metros a partir da praia para dentro do mar. Paralelo a construção dos molhes teríamos uma dragagem que seria executada somente uma vez, pois a própria vazão manteria a limpeza e dragagem do canal.

O grupo de trabalho também conheceu através das apresentações feitas pelo Prof. Dr. José Carlos de Melo Bernardino – Coordenador da Área de Modelação Hidráulica; estudos que foram feitos e realizados com muito êxito em outras localidades. Estavam presentes também o Eng. Rafael Esferra – Responsável Modelação Física Marítima e o Eng. Lucas Martins Pion – Responsável Modelação Numérica Marítima.

O custo estimado da obra na época, foi de US$ 6 milhões, com o tempo para realização de um ano e meio a dois anos. Após todas as informações obtidas pelo grupo de trabalho na USP, outra reunião foi realizada no início de fevereiro na sede da Associação para atualizar as informações obtidas. O eng. Cláudio conduziu os trabalhos e apresentou uma proposta contendo quatro fases: Estudos Preliminares, atualizando o estudo de 1991 a 2003; Levantamento de Campo; Viabilidade Hidráulica e Náutica e a Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental.

Na opinião do presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Itanhaém, o engenheiro civil Hilman Edward Kruger  “o enrocamento da barra se faz necessário para garantir a segurança dos pescadores e dos turistas da área náutica extremamente necessária para o desenvolvimento econômico da cidade”.

O grupo de trabalho traçou algumas tratativas que serão executadas nesse semestre e publicadas assim que as informações forem atualizadas.

O que é o enrocamento?

É um dispositivo amortecedor, formado por estruturas executada em pedra, destinado a proteção, contra efeitos erosivos causados pelo fluxo d’água.

O que é molhe?

É uma obra marítima de engenharia hidráulica que consiste numa estrutura costeira semelhante a um pontão, ou estrutura alongada que é introduzida nos mares ou oceanos, apoiada no leito submarino pelo peso próprio das pedras ou dos blocos de concretos especiais (tetrápodes ou outros), emergindo da superfície aquática. É, portanto, uma longa e estreita estrutura que se estende em direção ao mar. Sua estrutura pode ser construída de blocos especiais  de concreto (tetrápodes) ou de rochas.

Eles são calculados, normalmente, para uma determinada altura de onda com um período de retorno especificado. O cálculo de uma estrutura marítima deste porte, é realizado por especialistas em engenharia hidráulica, geralmente com o auxílio de modelos matemáticos ou de um modelo físico construído num laboratório de hidráulica

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